Antes de correr para a biblioteca para escanear a mais nova Tira de Segunda, me deparo com a já sabida notícia de que o
pré-candidato do PT à prefeitura de São Paulo Fernando Haddad foi ao encontro entre Lula e Maluf que selaria o apoio do Partido Progressista (PP) à chapa do ex-ministro da Educação. A notícia já começou a pipocar na minha
timeline do Facebook recheada de comentários indignados com relação ao apoio do ex-presidente ao tão odiado ex-prefeito procurado da Interpol por lavagem de dinheiro e apoiador da ditadura. Muitos desses que se indignaram com a notícia também ficaram todos felizes semana passada com a indicação da ex-prefeita (amada pelos professores e odiada pelos guardas civis metropolitanos) Luiza Erundina para vice na chapa de Haddad. Olhando de longe percebo uma tempestade no copo d'água desnecessária. Desde que começou a polarização entre PT e PSDB lá pelos meios dos anos 1990, os dois partidos correm por alianças por todos os lados e todos sabemos que não é só por tempo de TV (sinceramente, quem acredita fielmente em horário eleitoral gratuito?) mas há toda uma negociação que envolve desde cargos em ministério a acordos com empreiteiras ilicitamente ligadas à política e que executam as tantas obras que facilitam o trânsito dos famigerados automóveis na cidade, mas que também fazem o metrô e os corredores de ônibus pra coisa não ficar tão feia pro lado deles.
Se de um lado Haddad ganhou apoio de Maluf, do outro José Serra que sempre se alega como o príncipe da ética comemorou o anúncio do
apoio com o Partido da República (PR) à chapa do PSDB ao lado de Alfredo Nascimento, ex-ministro dos Transportes que caiu após denúncias de corrupção.
Mais interessante é ver que Haddad está ganhando força entre as alas conservadoras da cidade. Ele não é a Marta que é tão odiada pela classe média paulistana pelo seu anti-carisma e fama de madame, mas ele precisa ganhar o povão e é ai que o apoio da senadora viria bem a calhar em sua campanha já que seu governo embarcou em obras sociais marcantes para a população. A taxa de rejeição de Serra é bem alta muito em conta do seu abandono à prefeitura que deixou a cidade nas mãos do Kassabão que agora costura alianças políticas do seu recém criado partido, o PSD, com o PT nacional pensando no seu futuro político.
Sendo assim, não é o espanto do século ver dois adversários políticos se abraçando em função de apoio e alianças pois política é algo maior (nem mais sujo nem mais limpo, simplesmente mais complexo) que intrigas pessoais entre figuras públicas.
A verdade é que no final, quem não vota no PT de jeito nenhum vai acabar votando no Serra mesmo que contra a vontade e quem não não suporta os tucanos no poder vai ter que tomar um Engov, teclar o 13 e ver o sorriso do Haddad na urna eletrônica naquele domingão antes do almoço em família.
É isso! Mais tarde posto a tira dessa semana!
Abraços e boas discussões!